“Cansei, preciso mudar de emprego. E agora?”

Eu tento ajudar meus clientes no dia a dia a responder questões como essas. Como eu trabalho também com a parte de contratação e recolocação de profissionais, eu percebo claramente que muitas pessoas que chegam até mim já incorporaram ao seu dia a dia algumas das dicas do escritor norte-americano e especialista em desenvolvimento pessoal Mark Manson, em seu livro “A sutil arte de ligar o foda-se”. O best-seller mostra como a força das circunstâncias para ter uma vida perfeita cria armadilhas perigosas. Assim, numa linha contrária a outros livros do gênero, Manson mostra que ninguém precisa necessariamente ter sucesso e ser perfeito para encontrar a felicidade. E acrescenta que a dor é inevitável em nossas vidas e o segredo para ser feliz seria aceitá-la e não passar seus dias fugindo do inevitável. É uma leitura que está na moda no mundo corporativo hoje em dia, mas que nem sempre representa a o melhor caminho para sua carreira.

O fato é que muitas pessoas ligaram o tal botão “foda-se” em seus empregos atuais pelas mais diversas motivações e, quando chegam a um limite insuportável, procuram um profissional como eu buscando a tão sonhada recolocação em outra empresa. Chegam reclamando do chefe, dos colegas e da empresa, e por isso desejam uma transição de carreira – ou seja: querem sair de onde estão e conseguir um emprego melhor em outra empresa. A pergunta que mais ouço nessa hora é: “Mari, o que eu faço?”. É uma pergunta que pode dar origem a muitas respostas, dependendo a quem for endereçada.

É neste momento que se destaca uma diferença muito importante entre o trabalho de coach que eu desenvolvo e o trabalho tradicional oferecido por um bom headhunter, atividade que também realizo. O headhunter vai tentar atender o apelo do cliente, entender seu perfil profissional e, por meio de sua rede de contatos, tentará atender o seu pedido, conseguindo a nova colocação profissional. O serviço prestado por um coach experiente é diferente.

Eu, por exemplo, começo primeiro a entender o momento da pessoa e avaliar o que ela realmente está enfrentando de negativo no emprego atual. Eu analiso sua idade, sua história naquela empresa, a posição da sua carreira e quais são os seus objetivos. Outro ponto importantíssimo é que também faço uma avaliação do perfil profissional dela, pois muitas vezes o verdadeiro motivo do descontentamento do cliente é somente por estar atuando em uma área em que ela não está feliz devido às suas características pessoais e profissionais. Meu papel, nestes casos, portanto, é orientar estas pessoas com a minha experiência e mostrar que muitas vezes a solução mais adequada e simples para sua vida profissional é passar por um processo de coaching e não de recolocação.

É preciso, portanto, ter uma ideia muito clara do perfil e das características profissionais e pessoais deste cliente. E por que? Porque, dependendo da situação, ele poderá mudar de emprego, mas acabará encontrando mais à frente, na nova empresa, o mesmo tipo de problema ou obstáculo que vivia no emprego anterior. E isso pode acontecer por que as características dessa pessoa vão continuar as mesmas, pois ela apenas trocou de emprego, sem nenhum tipo de preparação, atualização ou treinamento adequados.

É claro que há outros caminhos que podem surgir. Alguns clientes acabam indo fazer terapia, enquanto vários, durante o processo de coaching, descobrem outros talentos profissionais e terminam por mudar mesmo de emprego e de área de atuação. Alguns partem até mesmo para o empreendedorismo. O ponto principal, porém, é que estas decisões não devem acontecer movidas apenas por questões emocionais ou impressões do dia a dia que podem estar camuflando outras situações. O processo de coaching é fundamental para entender seu momento profissional, seu verdadeiro perfil e os caminhos que você pode – ou deve – seguir dali para frente.

Você, profissional, precisa entender que se você estiver num momento de mudar radicalmente sua carreira profissional, você precisa estar muito ciente do que você realmente deseja, deixando suas emoções de lado. Hoje em dia, cada vez mais, os especialistas falam sobre inteligência emocional, o sistema de treinamento e crescimento pessoal e profissional Mindset e o Mindfulness (ou Atenção Plena, um estado onde treinamos qualidades de atenção ao presente e autocompaixão com experiências desafiadoras) – tudo isso porque o momento atual está voltado para o seu “eu”, para o seu autoconhecimento, o seu autogerenciamento e, sobretudo, o seu autocontrole sobre as suas emoções.

Muitas pessoas acabam sendo jogadas em determinadas áreas de uma organização em cargos que talvez elas nunca tenham sonhado. Mas, por uma questão de mérito conquistado em outro setor da companhia, são promovidas para este novo departamento e acabam permanecendo ali devido a vantagens financeiras. E, com isso, atendem às regras da empresa. O fato é que todo mundo, em algum momento, vai se questionar sobre a sua felicidade e sua satisfação ou não com seu trabalho. A grande dúvida desses profissionais é: “Eu quero ser feliz. Mas como ser feliz num momento tão diversificado e tão cheio de influências do meio econômico, da sociedade e das redes sociais?”.

Nessa hora, ninguém deve tomar uma decisão sozinho, a não ser que ele esteja realmente muito convicto da sua decisão, após uma análise muito cuidadosa do perfil profissional e comportamental do seu momento e do seu propósito de vida. É por isso que temos de observar bem este cenário, avaliando se é apenas uma questão emocional ou se é realmente a hora certa para mudanças mais profundas. Eu costumo usar duas palavras que traduzem esse quadro: “perspectiva” x “percepção”. Então, o nosso cliente, com a nossa ajuda, precisa se questionar, com honestidade e clareza, qual é a perspectiva que ele espera para a sua vida e a sua carreira. E, ao mesmo tempo, qual é a percepção que ele tem sobre o seu momento atual. Muitas vezes, essa percepção é muito superficial, abrangendo apenas uma situação específica, e não levando em consideração o futuro. Nestes casos, a pessoa pode ser influenciada por amigos e familiares e, com isso, tomar uma decisão precipitada. Por outro lado, ao sair deste universo limitado e buscar profissionais preparados para ajudá-lo, a pessoa pode se deparar com uma série de outros cenários que ela não tinha sequer analisado com profundidade.

Portanto, uma boa dica – e um grande desafio -, para você que está enfrentando uma situação como esta no seu trabalho, é descobrir se este é o momento de passar por um processo de coaching, e se aprimorar, ou se é hora mesmo de buscar uma transição de carreira. Para fazer isso, não “ligue o foda-se”, “aperte o play” e venha “jogar conosco”. Se isso faz sentido para você, venha tomar um café comigo sem compromisso. Tenho certeza de que posso ajudá-lo a tomar decisões menos emocionais, mais produtivas e com menos riscos à sua carreira profissional.



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